O instrumento para o fakenews pode ser você

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O instrumento para o fakenews pode ser você

A mais recente ameaça que vem da Internet é a proliferação de notícias falsas, as chamadas fakenews que poderão ter seu efeito ainda mais nocivo por ocasião das próximas eleições gerais no Brasil.
Já tivemos maus exemplos do que elas podem acarretar: o uso e proliferação de robôs e perfis falsos em mídias sociais tiveram grande influência tanto na última eleição norte americana quanto no plebiscito do “Brexit”, no Reino Unido.
Para conhecer e evitar o sucesso das fakenews, é importante entender como elas se propagam. Tudo se inicia com a criação de conteúdos deliberadamente falsos, muitas vezes com intenção de suscitar conclusões equivocadas sobre eventos ou pessoas. Tais conteúdos podem usar robôs e perfis falsos para sua propagação por meio de mídias sociais, sobretudo o Facebook ou Twitter, mas também através de outras mídias de propagação mais difícil como o WhatsApp.
O efeito desta propagação é potencializado quando usuários reais são atingidos pelos conteúdos falsos ou maliciosos e os propagam, ampliando de forma exponencial a sua divulgação.
Segundo o Professor de Políticas Públicas da USP, Pablo Ortellado, em recente participação no evento “Amarelas ao Vivo” da revista Veja, uma sociedade polarizada é o ingrediente catalizador da fakenews, na medida em que ao receberem conteúdos duvidosos, porém aderentes à sua linha de pensamento, não os questiona, automaticamente assumindo como verdade que precisa ser propagada no seu círculo de “amigos” virtuais.
Na essência, esta propagação torna “barata” o custo de mídia da fakenews, pois basta produzir a notícia falsa que os polarizadores se encarregarão de dissemilá-la nas mídias sociais.
Segundo Ortellado, 12 milhões de brasileiros compõem o universo do público polarizado no que se refere ao cenário político atual, sejam os favoráveis ao antigo governo, sejam os contra. Este público é o combustível essencial para as notícias falsas causarem um maior dano.
A indústria do fakenews apresenta alguma similaridade a outra ameaça mais antiga e conhecida no uso da Internet: a fraude ou engenharia social.
Em ambos os casos, os agentes responsáveis encaminham conteúdos falsos, porém com propósitos distintos, mas com consequência igualmente nocivas, sem remetente específico pela rede. É como uma pescaria: joga-se a isca para “pescar” incautos, ora para aplicar um golpe financeiro, ora para usar o Internauta como polarizador de conteúdo malicioso.
A principal técnica de fraude online se inicia através da distribuição de e-mails ou mensagens falsas, buscando iludir usuários de forma a enganá-los para o fornecimento de dados sensíveis para um golpe. No caso das notícias falsas, também é propagado conteúdo duvidoso ou com viés informativo com intenção deliberada de forjar algo falso em realidade.
Na evolução dos negócios online, foi um marco importante o combate aos cybercrimosos, com a indústria desenvolvendo ferramental técnico de prevenção, e mais do que isso, na ação educacional do usuário online sobre os crimes cometidos na Internet.
Como na segurança online, acredito que o tema fakenews mereça atuação contínua e evolutiva dos elos da cadeia de valor online. Sejam mídias sociais, empresas de tecnologia, governos, comércios eletrônicos, todos perdem com o uso criminoso do ambiente virtual, afetando sua credibilidade.
A fraude online é ainda uma ameaça para e-commerces e bancos, contudo a atuação preventiva com uso de tecnologias específicas de proteção, e principalmente, a educação do consumidor online sobre os métodos usuais de fraude ajudam a controlar o problema. Esforços isolados, porém, não são suficientes para o devido tratamento tanto no caso da Segurança online, como na propagação de falsidades pela Internet.
As fakenews demandam tratamento, somando esforços de empresas e entidades afetadas. É preciso um chamamento para organização e união de forças entre governo e empresas de segmento distintos para este combate, que terá em sua primeira missão, o esclarecimento do público em geral, e mais especificamente o polarizado politicamente.
No caso da fraude online, o Internauta é enganado e pode se tornar uma vítima de um golpe. Já no caso das fakenews, é preciso ficar claro que o usuário incauto pode ser algo além de vítima: ele pode se tornar cúmplice de uma ação difamatória, propagando inverdades pela rede e pode ser punido por isso.

 

Gastão Mattos

Sócio fundador da Gmattos, empresa especializada no mundo online, com foco em Pagamentos. Uma de suas competências é interpretar tecnologias emergentes e indicar o caminho viável para sua proliferação no mercado digital.

Fonte: E-Commerce News

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